O ORIXÁ
Axé a todos,
Dia 13 de junho, comemora-se no calendário católico o dia
de Santo Antônio. Este, é o sincretismo do nosso maravilhoso orixá EXU.
O Orixá
Exu é um orixá africano, também conhecido como: Exu, Esu, Eshu, Bara,
Ibarabo, Legbá,
Elegbara, Eleggua, Akésan, Igèlù, Yangí, Ònan, Lállú, Ijèlú. Algumas cidades
onde se cultua o Exu são: Ondo, Ketu, Ilesa, Ijebu, Abeokuta, Ekiti, Lagos.
Exu é o orixá
da comunicação. É o guardião das aldeias, cidades, casas e do axé, das coisas que
são feitas e do comportamento humano. A palavra Èsù em yorubá significa
“esfera” e, na verdade, Exu é o orixá do movimento.
Ele é quem deve receber as oferendas em primeiro lugar a fim de
assegurar que tudo corra bem e de garantir que sua função de mensageiro entre o
Orun e o Aiye, o mundo material
e o mundo espiritual, seja plenamente realizada.
Na África na época das colonizações, o Exu foi sincretizado erroneamente com o diabo cristão pelos
colonizadores, devido ao seu estilo irreverente, brincalhão e a forma como é
representado no culto africano, um falo humano ereto, simbolizando a
fertilidade.
Por ser provocador, indecente, astucioso e sensual, é comumente
confundido com a figura de Satanás, o que é um absurdo na construção teológica yorubá, posto que
não está em oposição a Deus,
muito menos é considerado uma personificação do mal. Mesmo porque nesta
religião não existem diabos ou entidades encarregadas única e exclusivamente de
coisas ruins como fazem as religiões cristãs. Estas pregam que tudo o que acontece
de errado é culpa de um único ser que foi expulso; pelo contrário, na mitologia
yoruba, bem como no candomblé, cada uma das entidades (Orixás) tem
sua porção positiva e negativa assim como o próprio ser humano.
De caráter irascível, ele se satisfaz em provocar disputas e calamidades
àquelas pessoas que estão em falta com ele.
No entanto, como tudo no universo possui de um modo geral dois lados, positivo e negativo, Exu
também funciona de forma positiva quando é bem tratado. Daí ser Exu considerado
o mais humano
dos orixás, pois o seu caráter lembra o do ser humano que é de um modo geral
muito mutante em suas ações e atitudes.
Conta-se na Nigéria que Exu teria sido um dos companheiros de Oduduà quando da
sua chegada a Ifé
e chamava-se Èsù Obasin. Mais tarde, tornou-se um dos assistentes de Orunmilá e
ainda Rei de Ketu,
sob o nome de Èsù Alákétú.
A palavra elegbara significa “aquele que é possuidor do poder
(agbará)” e está ligado à figura de Exu.
Um dos cargos de Exu na Nigéria, mais precisamente em Oyó, é denominado Èsù
Àkeró ou Àkesán, que significa "chefe de uma missão", pois este cargo
tem como objetivo supervisionar as atividades do mercado do rei.
Exu praticamente não possui ewós ou quizilas. Aceita quase tudo que lhe
oferecem.
Os yorubás cultuam Exu em um pedaço de pedra porosa chamada Yangi,
ou fazem um montículo grotescamente modelado na forma humana com olhos, nariz e
boca feita de búzios. Ou ainda representam Exu em uma estatueta enfeitada com
fileiras de búzios tendo em suas mãos pequeninas cabaças onde ele, Exu, carrega
diversos pós de elementais da terra usados de forma bem precisa em seus
trabalhos.
Exu tem a capacidade de ser o mais sutil e astuto de todos os orixás. E
quando as pessoas estão em falta com ele, simplesmente provoca mal entendidos e
discussões entre elas e prepara-lhes inúmeras armadilhas. Diz um orìkì que:
“Exu é capaz de carregar o óleo que comprou no mercado numa simples peneira sem
que este óleo se derrame”.
E assim é Exu, o orixá que faz o erro virar acerto e o acerto virar
erro.
Èsù Alákétú possui essa denominação quando Exu, por meio de
uma artimanha, conseguiu ser o rei da região, tornando-se um dos reis de Ketu.
Sendo que as comunidades dessa nação no Brasil o reverenciam também com este
nome.
Todos os assentamentos de Exu possuem elementos ligados às suas
atividades. Atividades múltiplas que o fazem estar em todos os lugares: a
terra, pó, a poeira vinda dos lugares onde ele atuará. Ali estão depositados
como elemento de força diante dos pedidos.
Exu o terceiro orixá criado por Olorun da junção terra/água/hálito, ele
possui a função de executor, observador,
mensageiro, líder, etc. Alem dos nomes citados aqui, que são epítetos e nomes
de cidades onde há o seu culto, ele será batizado com outros nomes no momento
do seu assentamento, ritual especifico e odu do dia.
Os 16 múltiplos de Exú
Exú Yangui:a laterita vermelha, é a sua
múltipla forma mais importante e que lhe confere a qualidade de Imolê ou
divindade nos ritos da criação. Exú ligado a antigas e grandes sacerdotizas de
Oxun.
Exú Agbà: o ancestral, o início a
liberação do poder
Exú Igbá ketá: o exú da terceira cabaça
Exú Okòtò: o exú do carocol, o infinito.
Exú Oba Babá Exú: o rei pai de todos os Exús
Exú Odàrà: o senhor da felicidade
Exú Òsíjè: o mensageiro divino
Exú Elérù: o Senhor do carrego ritual.
Exú Enú Gbáríjo: a boca coletiva dos Orixás.
Exú Elegbárà: o senhor do poder mágico
Exú Bárà: o senhor do corpo
Exú L’Onan: o Senhor dos caminhos
Exú Ol’Obé: o senhor da Faca
Exú El’Ébo: o Senhor das oferendas
Exú Alàfìá: o Senhor sa satisfação Pessoal
Exú Oduso: o Senhor que vigia os Odús.
Exús que acompanham vários Orixás.
Exú Akesan: acompanha Oxumaré, etc
Exú Jelu ou Ijelu: acompanha Osolufun.
Exú Ína: responsável pela cerimónia do
Ipade regulamentando o ritual.
ExúÒnan: acompanha Oxun, Oyá , Ogun,
responsável pela porteira do Ketu.
Exú Ajonan: tinha o seu culto forte na
antiga região Ijesa.
Exú Lálú: acompanha Odé, Ogun, Oxalá,
etc
Exú Igbárábò: acompanha Yemanjá, Xangô, etc
Exú Fokí ou Bàra Tòkí: acompanha Oyá e vários orixás
Exú:Lajìkí ou Bára Lajìkí: acompanha
Ogun, Oyá e as posteiras.
Exú Sìjídì: acompanha Omolú, Nanã, etc
Exú Langìrí: a companha Osogiyan
Exú Álè: acompanha Omolú
Exú Àlákètú: acompanha Oxóssi
Exú Òrò: acompanha Odé, Logun
Exú Tòpá/Eruè: acompanha Ossayin
Exú Aríjídì: acompanha Oxun
Exú Asanà: acompanha Oxun
Exú L’Okè: acompanha Obá
Exú Ijedé: acompanha Logun
Exú Jinà: acompanha Oxumarè
Exú Íjenà: acompanha Ewá
Exú Jeresú: acompanha Obaluaiye
Exú Irokô; acompanha Iroko
Brasil
Exu.
No Brasil, no candomblé, Exu é um dos mais importantes Orixás e sempre
é o primeiro a receber as oferendas, as cantigas, as rezas, é saudado antes de
todos os Orixás, antes de qualquer cerimônia ou evento. O Exu Orixá não
incorpora em ninguém para dar consultas como fazem os Exus
de Umbanda, eles são assentados na entrada das casas de candomblé como
guardiões, e em toda casa de candomblé tem um quarto para Exu, sempre separado
dos outros Orixás, onde ficam todos os assentamentos dos exus da casa e dos filhos de
santo que tenham exu assentado.
É astucioso, vaidoso, culto e dono de grande sabedoria, grande
conhecedor da natureza humana e dos assuntos mundanos daí a assimilação com o
diabo pelos primeiros missionários que, assustados, dele fizeram o símbolo da
maldade e do ódio. Porém " … nem completamente mau, nem completamente bom
… ", na visão de Pierre Verger no texto de sua autoria "Iniciação"
- contido no documentário "Iconografia dos
Deuses Africanos no Candomblé da Bahia", Exu reage
favoravelmente quando tratado convenientemente, identificado no jogo do merindilogun pelo odu okaran.Exu
recebe diversos nomes, de acordo com a função que exerce ou com suas
qualidades: Elegbá ou Elegbará, Bará ou Ibará, Alaketu, Agbô, Odara, Akessan,
Lalu, Ijelu (aquele que rege o nascimento e o crescimento de tudo o que
existe), Ibarabo, Yangi, Baraketu (guardião das porteiras), Lonan (guardião dos
caminhos), Iná (reverenciado na cerimônia do padê).
A segunda-feira é o dia
da semana consagrado a Exu. Suas cores são o vermelho e o preto; seu símbolo é o
ogó (bastão com cabaças que representa o falo); suas contas
e cores são o preto e o vermelho; as oferendas são bodes e galos, pretos de
preferência, e aguardente, acompanhado de comidas feitas no azeite
de dendê. Aconselha-se nunca lhe oferecer certo tipo de azeite, o Adí, por
ser extraído do caroço e não da polpa do dendê e portar a violência
e a cólera.
Sua saudação é "Larôye!" que significa o bem falante e comunicador.
Consiste o padê em um prato de farofa amarela, acaçá, azeite-de-dendê e
um copo de água ou cachaça, que são “arriados” para Exu.
Não deve ser confundido com a entidade Exu
de Umbanda. Os exus de umbanda sao entidades de pessoas desencarnadas que,
por motivos de evoluçao espiritual, retornaram à terra para cumprir essa missão
junto ao seus seguidores. Essas entidades são confundidas com esu ou exu do
Candomblé devido à proximidade que Exu tem com os homens. Entretanto, não são
considerados orixás como o Exu, e sim entidades das trevas conhecedores das
vontades de homens e mulheres no plano terrestre, tendo vivido em épocas
diferentes, porém com os mesmos problemas, desejos e sonhos
Arquétipos
Seus filhos são sensuais, dominadores e extremamente inteligentes. Gostam
da vida cercada de barulho, muitas atividades e romances de todo tipo. Adoram a
gozação, o caçoar,impossíveis, inquietos, extrovertidos, prendem a atenção dos
outros apenas por caminhar. Brincalhões, sempre por mais sérios que estejam, um
sorriso irá escapar e por vezes tendem a ter problemas de comportamento mental,
pois sua cabeça não para e o mundo não consegue acompanhá-la.Não se prendem a
ninguém, são muito impulsivos. Mas se amam alguém, dão sua vida se for preciso,
sem pensar em nada.Conversar com filho de Exu, parace algo muito complicado
para os desconhecedores, pois encerram uma conversa do nada ou parecem não dar
a mínima atenção a conversa, mas de repente aparecem com a solução ou com um
presente, dependendo do teor do assunto.Sentem o cheiro da demanda e tendem a
ter problemas de saude relacionados a fígado e coração. Muitos médiuns ou
conhecedores, gostam de ter a amizade, presença, compania,etc, de um filho de
Exu, pois são os famosos “pára-raio”, chaveirinho da sorte ou escudos.
Bagunceiros, ativos e seus olhares “falam”, sempre possuem uma “carta” na manga
ou uma saída repentina para um problema.Gostam de ajudar e trabalhar sem pensar
e sem limites, sem medir esforços e sem esboçar um sentimento de “favor”, faz
disso uma obrigação. Podem se tornar vingativos e extremamente crueis, sendo
este o lado negativo.Seu pensamento assim como ajuda, pode derrubar, sem
esforços e dó.Quando tomados de raiva ou contrariedade, exalam cordões
plasmáticos de espectro vermelho que o envolvem e dificilmente é possível
tirá-los deste estado sem que queiram. Dizem que assim como o pai, filhos de
Exu, possuem uma lâmina na cabeça, pois não são para carregar fardos
pesados...Filho de Exu, mata um pássaro hoje, com a pedra que atirou
ontém.Filho de Exu, não teme, não nega, não para.
DIA DA
SEMANA
Segunda-feira.
CORES
Preto e vermelho.
SÍMBOLOS
Tridente e/ou bastão (opa ogó).
ELEMENTO
Fogo.
PLANTAS
Pimenta, capim tiririca, urtiga. Arruda, salsa, hortelã.
ANIMAIS
Bode e galinha
METAL
Bronze, ferro (minério bruto).
COMIDAS
Farofa de dendê, bife acebolado, picadinho de miúdos.
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BEBIDAS
Cachaça.
SINCRETISMO
Santo Antônio (13/06) .
FUMO
Charutos.
DOMÍNIOS
(variados)
Passagens, encruzilhadas, caminhos, portas, entrada das casas.
O QUE
FAZ
Vigia as passagens, abre e fecha os caminhos. Por isso ajuda a resolver
problemas da vida fora de casa e a encontrar caminhos para progredir. Além
disso, protege contra perigos e inimigos.
QUEM É
Elo de ligação entre os homens e os Orixás; senhor da vitalidade; do sexo; da
alegria, da vida, das sensações.
CARACTERÍSTICAS
Apaixonado, esperto, criativo, persistente, impulsivo, brincalhão, amigo.
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O Padê
Dentro dos rituais sagrados de
Exú, não pode faltar de forma alguma seu padê, espécie de farofa crua, na qual
é adicionada a farinha de mandioca, e vários elementos, dependendo da
necessidade de cada pessoa.
Os mais utilizados de forma
geral, são: o padê de água, de dendê, e o de mel. Sendo que esses são muito
utilizados quando se realiza algum sacrifício de aves ou de quatro pés para
essa divindade. O padê sem o ritual de sacrifício tem por finalidade, se
presentear a Exú para que ele nos ajude em determinados assuntos nos quais
necessitamos. Trata-se de uma comida preferida por todos os exús e sua
aplicabilidade remonta das senzalas que existiam no Brasil.
É público que na África não
existia esse tipo de alimento, farinha de mandioca, uma vez que esse foi criado
pelos índios brasileiros, mas, os antigos sacerdotes, que eram escravos,
introduziram esse presente ao culto de exú e desde essa época, é comum dar-se
de presente para exú seu padê.
O padê de dendê serve para se
esquentar os caminhos e é muito utilizado para a abertura de caminhos para
emprego, para o progresso de uma empresa ou para várias outras utilidades. O
padê de azeite de oliva costuma ser usado para se conseguir um equilíbrio em
determinado setor da vida de uma pessoa, o de mel, serve para se adoçar uma
pessoa, para fazer com que exú nos traga, por exemplo, o livramento de uma
perseguição, para que uma pessoa que é nosso inimigo se transforme em nosso
amigo, para ajudar em questões amorosas entre tantas outras utilidades.
Em caso de abertura de caminhos
para uma empresa, para se atrair clientes para um comércio, para que se arrume
emprego, é aconselhável que se coloque sete moedas correntes. Para as demais
utilidades pode-se colocar de uma a sete moedas correntes.
Ainda existem outros tipos de padês
chamados negativos, que servem para livrar uma pessoa da praga, por exemplo, da
feitiçaria, do olho grande etc.
Porém, sempre é bom lembrar que
as divindades do Candomblé somente atendem ao chamado de pessoas preparadas e
com tempo de santo suficiente para entregarem as oferendas, e se alguma pessoa
sem esses requisitos, tentar realizar alguma cerimônia, os efeitos podem ser
catastróficos na vida do consulente.
E esse fato ocorre muito
frequente uma vez que a ganância, a ânsia de dinheiro faz com que pessoas sem
preparo algum, decidam interferir solicitando ajuda das entidades para pessoas
em seu dia a dia. Exú como sendo um Orixá de grande poder, não tem o hábito de
perdoar, e se por ventura, algo for feito de forma irregular, teremos sérias
complicações na vida daquele vivente.
Pode-se servir o padê para exú
independente de lua ou dia de semana, não sendo aconselhável somente nas sextas
feiras, pois esse é um dia consagrado a Oxalá e assim sendo, como existe uma
kizila entre Exú e Oxalá, não se recomenda que seja feita qualquer oferenda
para essa entidade, deixando o dia de sexta feira somente dedicado a se
presentear Oxalá e assim mesmo sem matança, somente com comida seca e reza.
Como qualquer Orixá do panteão
africano, exú também tem seu Oriki, ou seja, um conjunto de palavras litúrgicas
que são utilizadas para invocá-lo. A esse conjunto de palavras dá-se o nome
também de Reza.
As rezas de exú servem para
acordá-lo, para invocá-lo para que se digne e vir receber a oferenda que lhe
trazemos como para que interaja em nossa vida ou na vida de uma pessoa que
necessita dessa intervenção.
É imprescindível que ao
entregarmos o padê para exú, estejamos de corpo limpo, sem sexo, bebida ou
qualquer outra substância nociva ao lido com os fundamentos do Axé Orixá.
Nunca, em hipótese alguma,
devemos invocar exú sem uma necessidade real, pois o mesmo é dotado de uma
força que ser humano algum é capaz de controlar.
Lendas
Exu é filho de Iemanjá e irmão de Ogun e Oxossi. Dos três é o mais
agitado, capcioso, inteligente, inventivo, preguiçoso e alegre.É aquele que
inventa historias, cria casos e o que tentou violar a própria mãe.
Numa de suas muitas histórias, podemos entender exatamente suas
capacidade inventiva, sua conduta maquiavélica e sua maneira pratica de
resolver seus assuntos e saciar seus desejos.
Conta-se que dois grandes amigos tinham, cada um deles,um pedaço de
terra, dividido por uma cerca. Diariamente os dois iam trabalhar, capinando e
revirando a terra, para plantio.Exu, interessado nas terras, fez a proposta
para adquiri-las, o que foi negado pelos agricultores. Aborrecido, mas
determinado a possuir aqueles dois terrenos, Exu procurou agir. Colocou na
cerca um boné. De um lado branco, de outro vermelho. Naquela manhã, os amigos
lavradores chegaram cedo para trabalhar a terra e viram o boné na cerca. Um
deles via o lado branco e outro o lado vermelho.
Em dado momento, um dos amigos pergunto: - “O que este boné branco faz
em minha cerca?” Ao que o outro retrucou: - “Branco? Mas, o boné é vermelho!”
- Não, não, amigo. O boné é branco, como algodão!
- Não, não é mesmo! É vermelho como o sangue!
- Não sei como você pode ver vermelho, se é branco, está louco?
- Não, o louco é você, que vê branco, se a coisa é vermelha!
Bem, daí desencadeou-se a maior discussão, até chegarem à luta corporal.
E com as mesmas ferramentas de trabalho, mataram-se.
Exu, que de longe assistiu a tudo, esperando o desfecho já imaginado por
ele, aproximou-se e assumiu a posse das terras, não sem antes fazer um
comentário, bem ao seu estilo:
- Mas que gentes confusas, que não consegue solucionar problemas tão
simples!
Assim é Exu, Senhor dos caminhos, pai da verdade e da mentira. O Deus da
contradição, do calor, das estradas, do princípio ativo de vida. O mestre de
tudo... e nada!
NÃO SOU PRETO, BRANCO OU VERMELHO
TENHO AS CORES E FORMAS QUE
QUISER
NÃO SOU DIABO NEM SANTO, SOU EXU!
MANDO E DESMANDO,
TRAÇO E RISCO
FAÇO E DESFAÇO.
ESTOU E NÃO VOU
TIRO E NÃO DOU.
SOU EXU.
PASSO E CRUZO
TRAÇO, MISTURO E ARRASTO O PÉ
SOU REBOLIÇO E ALEGRIA
RODO, TIRO E BOTO,
JOGO E FAÇO FÉ.
SOU NUVEM, VENTO E POEIRA
QUANDO QUERO, HOMEM E MULHER
SOU DAS PRAIAS, E DA MARÉ.
OCUPO TODOS OS CANTOS.
SOU MENINO, AVÔ, MALUCO ATÉ
POSSO SER JOÃO, MARIA OU JOSÉ
SOU O PONTO DO CRUZAMENTO.
DURMO ACORDADO E RONCO FALANDO
CORRO, GRITO E PULO
FAÇO FILHO ASSOBIANDO
SOU ARGAMASSA
DE SONHO CARNE E AREIA.
SOU A GENTE SEM BANDEIRA,
O ESPETO, MEU BASTÃO.
O ASSENTO? O VENTO!..
SOU DO MUNDO,NEM DO CAMPO
NEM DA CIDADE,
NÃO TENHO IDADE.
RECEBO E RESPONDO PELAS PONTAS,
PELOS CHIFRES DA NAÇÃO
SOU EXU.
SOU AGITO, VIDA, AÇÃO
SOU OS CORNOS DA LUA NOVA
A BARRIGA DA RUA CHEIA!...
QUER MAIS? NÃO DOU,
NÃO TOU MAIS AQUI