Em termos mais estritos, Obaluaê seria a forma mais jovem do Orixá Xapanã, enquanto Omolu a sua forma velha. Como porém, Xapanã é um nome que no início da formação dos cultos afro brasileitos era proibido tocar em seu nome fora dos terreiros, não devendo ser mencionado, pois poderia atrair suposta doença inesperada.
Assim, a expressão Omolu é a que mais se popularizou e acabou sendo confundida não apenas com a forma mais velha do Orixá, mas com sua essência genérica em si. Esta distinção se aproxima da que existe entre as formas básicas de Oxalá: Oxalá (o Crucificado), Oxaguiã a forma jovem e Oxalufã a forma mais velha.
A figura de Omolu-Obaluaê, assim como seus mitos, é completamente cercada de mistérios e dogmas indevassáveis. Em termos gerais, a essa figura é atribuído o controle sobre todas as doenças, especialmente as epidêmicas. Faria parte da essência básica vibratória do Orixá tanto o poder de causar a doença como o de possibilitar a cura do mesmo mal que criou.
Em algumas narrativas mais tradicionalistas tentam apontar-se que o conceito original da divindade se referia ao Deus da varíola, tal visão porém, nos parece uma evidente limitação. A varíola não seria a única doença sob seu controle, simplesmente pôr ser a epidemia mais devastadora e perigosa que conheciam os habitantes da comunidade original africana, onde surgiu Omolu-Obaluaê, o Daomé.
Assim, sombrio e grave como Iroco, Oxumarê (seus irmãos) e Nanã (sua Mãe), Omolu-Obaluaê é uma criatura da cultura jeje, posteriormente assimilada pelos iorubás.
Enquanto os Orixás Iorubanos são extrovertidos, de têmpera passional, alegres, humanos e cheios de pequenas falhas que os identificam com os seres humanos, as figuras Daomeanas estão mais associadas a uma visão religiosa em que distanciamento entre Deuses e seres humanos se extruturou de uma maneira bem mais ampla e complexa. Quando há aproximação, há de se temer, pois alguma tragédia está para acontecer, pois os Orixás do Daomé são austeros no comportamento mitológico, graves e conseqüentes em suas ameaças.
A visão de Omolu-Obaluaê para os antigos Daomeanos é a do castigo. Se um ser humano falta com ele ou um filho-de-santo seu é ameaçado, o Orixá castiga com violência e determinação, sendo difícil uma negociação ou um aplacar, mais prováveis nos Orixás iorubás.
Na Umbanda a diferença entre esses Orixás se coloca de forma mais prática. São vistos como Tronos de Deus que subsistem e se manifestam na natureza e na vida através das energias que irradiam.
As energias se diferem primeiramente pelo ponto de força. Os dois são representados pela terra, porém a terra de omolu é mais seca, fazendo contraponto a imensidão do oceano de Iemanjá, ele representa o todo componente de terra firme dos continentes. A terra de Obaluaê já tem ligação com as margens de lagos e pântanos, águas paradas ligadas Nanã. Assim a terra propensa a germinação, ao crescimento de folhas, plantas, ávores, etc é ligada a vibração a Obaluaê.
Na Umbanda Omolu é estabilizador, mais concreto, absorvedor estando no polo negativo da mãe Iemanjá que é positivo. Obaluaê é evoluidor, mais expansivo, irradiador estando no polo positivo da mãe Nanã que é negativo.
Omolu formata a linha em que trabalham os Exús, já Obaluaê formata junto a Oxalá a linha em que trabalham os Pretos Velhos.
Omolu atua nos seres humanos pelo chacra básico, enquanto Obaluaê está presente pelo chacra esplênico.
Para muitos umbandistas a vela que se acende para Omolu é preta ou roxa, já para Obaluaê é violeta.
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