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quarta-feira, 29 de abril de 2015

As Ervas

Acompanhem a sequência de postagens sobre as ervas na Umbanda!



Sem Erva não tem Axé.  Está aí a regra número um nos cultos de origem afro.

Se a mata possui uma alma além do mistério esta é a folha, que a mantém viva pela respiração, que a caracteriza pela cor e aparência, que sombreia seu solo permitindo, através do frescor, a propensão à semeadura.
“Kosi ewe, kosi Orisa”, diz um velho provérbio nagô: "sem folha não há Orixá", que pode ser traduzida por "não se pode cultuar orixás sem usar as folhas", define bem o papel das plantas nos ritos.
O termo folha (ewe) tem aqui um duplo sentido, o literal, que se refere àquela parte dos vegetais que todos nós conhecemos, e o figurado, que se refere aos mistérios e encantamentos mais íntimos dos Orixás.
Mas o que isto tem a ver com o Orixá? É que o culto aos deuses nagôs se ergue a partir de três ewes: o conhecimento, o trabalho e o prazer, um amálgama de concentração e descontração passível apenas de ser vivido, jamais de ser entendido em sua largueza e profundidade.
O ewe do conhecimento é aquele que manipula os vegetais, conhece suas propriedades e as reações que produzem quando se juntam, é também aquele que conhece os encantamentos, sem os quais as energias, para além da química, não se desprendem dos vegetais.
O ewe do trabalho é aquele que, na disciplina e aparente banalidade do cotidiano da comunidade de terreiro, vai "catando as folhas" lançadas aqui e ali, pela observação silenciosa e astuciosa, com as quais vai construindo seu próprio conhecimento; sem o mínimo de "folhas" necessárias não se caminha sozinho. Só se dá "folha" a quem é digno e sabe guardar, a quem trabalha, a quem é presente. Só cata "folha" quem tem a sagacidade de entender a linguagem dos olhares.
O ewe do prazer é aquele que produz boa comida, boa conversa, boa música e boa dança, todas quatro povoadas de folhas e "folhas" para quem tem olhos de ver. O Orixá só vive se for alimentado, só agradece pela comunhão, só se mostra pela dança, só se apresenta pela alegria da música e só fala por ewe. Sem ewe não se entende os Orixás.
NÃO EXISTE ORISÁ SEM FORÇA DA NATUREZA.



Falar das folhas no culto afro-brasileiro é muito complexo, pois nas diversas nações que existem dentro do culto, as folhas recebem nomes e funções diferentes.
As folhas de determinado orixá entram também no culto de outro, pois existem combinações de folhas de um orixá para o outro.
A nomenclatura das folhas, tanto em português quanto em yorubá, varia muito, mas vamos destacar os nomes mais populares.
Os pajés utilizavam ervas medicinais e rezas para afastar maus espíritos, esta prática tornou-se cada vez mais usual, porém com o aumento da população, os Portugueses começaram a enviar mais missionários e médicos para interromper estas práticas, e a população começou a procurar os pajés em menor freqüência e as escondidas.
Muitas mulheres desta época se interessaram pelas ervas medicinais que os pajés utilizavam, e por não conhecer as rezas que eles faziam misturavam rezas de santos Católicos com estas ervas criando-se assim as famosas rezadeiras e curandeiras do Brasil. Por isso que a influência indígena é tão forte na Umbanda, com seus Caboclos, entidades representantes destes índios que aqui estavam quando os colonizadores chegaram.
Existem diversas folhas com diversas finalidades e combinações, nomes e considerações dos nomes, fato que muito impressiona a quem as manipulam dentro de Axé. Temos que ter muita consciência de como usá-las para que não sejamos pegos de surpresa por energias que são invocadas quando a maceramos, quando colocamos o sumo da Erva em contato com nosso corpo,  quando a colhemos. Porém folha é para trazer energias boas e positivadas, tirar energias ruins e maléficas em muitos casos, trazer resposta de algo se é necessário para o individuo que a usa.
As plantas são usadas para lavar e sacralizar os objetos rituais, para purificar a cabeça e o corpo dos sacerdotes nas etapas iniciáticas, para curar as doenças e afastar males de todas as origens. Mas a folha ritual não é simplesmente a que está na natureza, mas aquela que sofre o poder transformador operado pela intervenção de Ossãe, cujas rezas e encantamentos proferidos pelo devoto propiciam a liberação do axé nelas contido. Há algumas décadas a floresta fazia parte do cenário e as folhas estavam todas disponíveis para colheita e sacralização. Com a urbanização, o mato rareou nas cidades, obrigando os devotos a manter pequenos jardins e hortas para o cultivo das ervas sagradas ou então se deslocar para sítios afastados, onde as plantas podem crescer livremente. Com o passar do tempo, novas especializações foram surgindo no âmbito da religião e hoje as plantas rituais podem ser adquiridas em feiras comuns de abastecimento e nos estabelecimentos que comercializam material de culto. Exemplo maior, no Mercadão de Madureira, no subúrbio do Rio de Janeiro, pródigo na oferta de objetos rituais, vestimentas e ingredientes para o culto dos orixás, mais de vinte estabelecimentos vendem, exclusivamente, toda e qualquer folha necessária aos ritos. Bem longe da natureza.

O elemento vegetal é muito importante para a manutenção e equilíbrio dos seres vivos. Através de processos variados os vegetais retiram o Prana da natureza, seja através do Sol, da Lua, dos planetas, da terra, da água, etc. São, portanto, grandes reservas de éter vital e que através dos tempos, o ser humano, descobriu estas propriedades. Usamos os vegetais, desde a alimentação até a magia, sempre transformando a energia vital, através de processos e rituais.

quinta-feira, 23 de abril de 2015

Patakori Ogum, Ogunhê meu pai!!! Salve nosso grande guerreiro!!!


23 de abril, Dia do Guerreiro de Olorun

Salve seu dia

Senhor dos caminhos,  da caminhada. ..
Senhor das batalhas,  do metal
General dos guardiões, proteja todos nós com seu exército de luz!.

Saravá Ogun!!

A umbanda clareou
A umbanda clareou
Clareou, clareou
Esse grande Orixá
Clareou, clareou
Sobre a luz da lua cheia
Lá no alto das pedreiras
Olhando a cachoeira

Quem é o cavaleiro?
Quem é o cavaleiro?
Que veio cavalgar
Montado em seu cavalo branco
Com sua espada a empunhar

É Ogum meu Pai
Ogunhê meu Pai
Cavaleiro de Oxalá
Com sua espada suprema
Ele é o senhor dos caminhos
Ele é o Rei do Humaitá
Sarava Pai Ogum
Ogunhê, ogunhê
Ele é o Tatá
Ele é o Tatá
Ele é o Tatá no Arerê

terça-feira, 7 de abril de 2015

As saudações, os cantos e louvações implícitas nas canções “populares”.



Não é de hoje que a manifestação aos Orixás, entidades e doutrina, fazem parte do repertório de muitos cantores populares de diversos gêneros.
Esperadamente, temos sempre olhos aos artistas nordestinos, assim também como o ritmo e a cultura vinda de lá. Porém, muito além desta região, outros intérpretes e autores, já levaram a bandeira a todo país, de maneira discreta, mas bem presente e escancarada.

No início dos anos 80, de maneira tímida e controversa, os terreiros de Umbanda e Candomblé, começaram a obter grandes números de frequentadores e adeptos. Muitos famosos cantores, tais como Clara Nunes, Gilberto Gil, Caetano Velozo, Gal Costa, Martinho da Vila, Leci Brandão, Alcione, Beth Carvalho, Zeca Pagodinho, Arlindo Cruz, Novos Baianos, Zeca Baleiro, Wilson Simonal, Simone, entre outros, dessa época. Dessa maneira, sempre mostravam a força e a fé nos Deuses, num “samba” qualquer:


“ eu sambo pela noite inteira, até amanhã de manhã, sou a mineira guerreira, Filha de Ogun com Iansã”

Em “guerreira”, Clara Nunes “samba” a noite inteira. Devido ao som dos atabaques, ritmos como nagô e angola, sempre usados nas rodas de samba, a expressão se estendeu ao ritual.Na época, até mesmo para esconder a simpatia ou a frequente visita aos terreiros, dizia-se que iria até um samba!!
Nesta música ela conta:

Se vocês querem saber quem eu sou
Eu sou a tal mineira
Filha de Angola, de Ketu e NagôDicas de quais são seus Orixás e qualidades
Não sou de brincadeira
Canto pelos sete cantos – louvo as sete linhas da Umbanda
Não temo quebrantos
Porque eu sou guerreira
Dentro do samba eu nasci,
Me criei, me converti
E ninguém vai tombar a minha bandeira – não temerá o preconceito
Bole com samba que eu caio(“bolar no santo” termo usado para incorporação) e balanço o baláio(corpo) no som dos tantãs
Rebolo, que deito e que rolo,
Me embalo e me embolo nos balangandãs
Bambeia de lá que eu bambeio nesse bamboleio
Que eu sou bam-bam-bam
E o samba não tem cambalacho,
Vai de cima embaixo pra quem é seu fã
Eu sambo pela noite inteira,
Até amanhã de manhã – ( uma festa no candomblé, normalmente inicia-se as 22h e vai até as 5h” amanhã de manhã”)
Sou a mineira guerreira,
Filha de Ogum com Iansã
E de uma maneira bem EXPLÍCITA, NO FINAL DA MÚSICA, escancara-se a bandeira:

Salve o Nosso Senhor Jesus Cristo, Epa Babá, Oxalá!
Salve São Jorge Guerreiro, Ogum, Ogunhê, meu Pai!
Salve Santa Bárbara, Eparrei, minha mãe Iansã!
Salve São Pedro, Kawô Cabecilê, Xangô!
Salve São Sebastião, Okê Arô, Oxóssi!
Salve Nossa Senhora da Conceição, Odofiaba, Yemanjá!
Salve Nossa Senhora da Glória, oraieiêio, Oxum!
Salve Nossa Senhora de Santana, Nanã Burukê, Saluba, vovó!
Salve São Lázaro, Atotô, Obaluaiê!
Salve São Bartolomeu, Arrobobóy, Oxumaré!
Salve o povo da rua, salve as crianças, salve os pretos velhos;
Pai Antônio, Pai Joaquim de Angola, vovó Maria Conga, sarava!
E salve o rei Nagô!


Entre tantos cantores, nos dias mais atuais e estilos diferentes, temos o Rappa em “Lado B LadoA”

“ ...se eles são exus eu sou Iemanjá – força negativa de entidades, contra a grande Orixá, possivelmente sua mãe
     Com o corpo fechado ninguém vai me pegar – neste trecho, o vocalista Falcão, mostra que já é “feito no santo”


Nesta música, mais uma vez, Clara Nunes, exalta o “amor canoeiro”, amor fraco, empolgação, fogo de palha, pela religião e pelo novo. Sábia cantora, muito visto isso ainda nos dias de hoje...


“Conto de areia”, relata desta maneira:

Contam que toda tristeza
Que tem na Bahia
Nasceu de uns olhos morenos
Molhados de mar
-  “uma pessoa com problemas sérios, onde o choro era o seu instante”
Não sei se é conto de areia
Ou se é fantasia
Que a luz da candeia alumia
Pra gente contar –
Clara não viveu ou conheceu isso, provável conto da mãe de santo, etc. Possível alerta dado a Clara.
Um dia morena enfeitada
De rosas e rendas – vestida para o BORI –
Ritual de banho de sangue, na raspagem de cabeça
Abriu seu sorriso de moça
E pediu pra dançar –
Pronta para ser (Abiã)
A noite emprestou as estrelas
Bordadas de prata
E as águas de Amaralina
Eram gotas de luar.
Era um peito só
Cheio de promessa era só
Era um peito só cheio de promessa –
após a feitura no santo, e o juramento, teve a visita mais leviana de todas (empolgação)

Quem foi que mandou
O seu amor
Se fazer de canoeiro – amor que alterna altos e baixos (fé duvidosa)
O vento que rola das palmas
Arrasta o veleiro– “palmas” batidas tão fortes, que arrastariam Veleiros(embarcações), provável ebó para  a necessitada filha de santo

E leva pro meio das águas
de Iemanjá
– Banhando a filha na casa de sua mãe, como um dos últimos trabalhos a ser feito.
E o mestre valente vagueia
Olhando pra areia sem poder chegar
sendo Observada pelo seu pai, Ogun (mestre valente)
Adeus, amor ...Adeus, meu amor
Não me espera
Porque eu já vou me embora
Pro reino que esconde os tesouros
De minha senhora – Fundo do mar, neste ponto da música, a filha irá suicidar-se
Desfia colares de conchas
Pra vida passar
E deixa de olhar pros veleiros
Adeus meu amor eu não vou mais voltar
Foi beira mar, foi beira mar que chamou
Foi beira mar ê, foi beira mar –
Ogun (beira mar, qualidade de Ogun), que a salvou, “chamou”.
Também acompanhamos nas músicas de Zeca Pagodinho, entre tantos agradecimentos claros, um bem implícito para Exu, nesta musica “pisa como eu pisei”
Chega como eu cheguei
Pisa como eu pisei
No chão que me consagrou
Olha que lei é lei
Lei que eu nunca burlei
Pois Deus me designou – Exu de lei, Coroado, batizado
Ao me ver já diz que me conhece
Sem saber bem quem eu sou
Conhece mas desconhece
Meu real interior –
julgamento a exu, como demônio, extremo mal ou extremo bem
Eu só verso e sou reverso
Sou patícula do universo
Sou prazer, também sou dor
Eu sou caldo, eu sou efeito
Eu sou torto, eu sou direito
Enfim, eu sou como eu sou.....
enfim.... Exu

Recentemente, O Rappa, mais uma vez demonstra sua fé através da Música “Boa noite Xangô”

Quando o coração bateu veloz
Saudade foi embora,
Vida começa agora
Sigo a multidão, não sou ninguém
Depois que te encontrei,
Alguma coisa me fez tão bem
(Soou feliz, feliz, feliz)

Passo a perceber ao meu redor
Outros planos, outra cor
E se essa vibe nasceu em nós,
Oh Vibe!
Melhor deixar crescer
Oh vibe! Oh vibe! Oh Vibe!

Noite chegou,
Uma estrela caiu no mar
Boa noite Xangô,
Anjo de Iemanjá.
Neste trecho, é ressaltado a qualidade de Xangô (aganju, possui ligação com Iemanjá)





segunda-feira, 6 de abril de 2015

Pontos cantados

Acompanhem a sequência de postagens sobre pontos cantados!


Pontos Cantados

Os pontos cantados são uma das primeiras coisas que afloram a quem vai a um terreiro de Umbanda pela primeira vez. Os pontos cantados são, dentro dos rituais de Umbanda, um dos aspectos mais importantes para se efetuar uma boa gira.
Uma das formas encontradas para a reaproximação do homem com o Divino foi a música, onde se exprime o respeito, a obediência e o amor ao Pai Maior. Desta forma, os cânticos tornaram-se um atributo socio-religioso, comum a todas as religiões, onde cada uma delas, com suas características próprias, exteriorizavam sua adoração, devoção e servidão aos desígnios do Plano Astral Superior.
     Os pontos cantados servem para impregnar certas energias e desimpregnar outras, de acordo com o ponto, uma vez que cada linha representa uma imagem, traduz um sentimento inerente à vibração daquela entidade que o canta, ou que o trás, existindo por trás deles uma freqüência toda especial, que se modifica de acordo com a Linha Espiritual.
Os Pontos Cantados de Umbanda, ou seja, os cânticos entoados nos templos umbandistas têm finalidades sequer imaginadas pelos consulentes, e mesmo por muitos médiuns, estando longe de serem apenas para alegrar ou distrair pela música. São, na verdade capazes de movimentar as forças sutis da Natureza e mesmo atrair certas entidades espirituais.
São cânticos invocando as Entidades, marcando o início de sua incorporação ou desincorporação, para criar formas mágicas para determinados trabalhos, para abrir e fechar sessões no Terreiro, para pedir forças espirituais, para afastar espíritos maus, para pedir maleime (perdão) e outras diversas finalidades.
Expressam, de maneira sublime, uma mensagem, uma emoção, um sentimento, uma imagem, um alerta, etc. Como podemos observar ao ouví-los, além de ativarem o misterioso fogo renovador da fé e do puro misticismo, movimentam uma linguagem metafísica onde cada um entende, segundo seu alcance, várias mensagens. Os pontos cantados são verdadeiras preces, quando bem cantados, em cujas letras realmente há imagens positivas, que elevam o tônus vibracional (energético) de todos, facilitando a atuação das Entidades Espirituais em determinados médiuns e mesmo nos consulentes.
Procure entoar os pontos cantados adequadamente, sentindo-os e não apenas cantando-os. Sinta-os em sua alma e verá, surpreso, como você canta bem, como você está bem. O ponto cantado é o caminho vibratório por onde "anda" a gira. É o verbo sagrado, portanto entoe-os adequadamente, harmoniosamente.
Juntamente com o som dos atabaques, forma-se uma corrente magnética, e quando nos concentramos para o inicio de uma incorporação, somos envolvidos por esses sons mágicos, fazendo nosso corpo vibrar em sintonia, facilitando assim, este processo.
Tanto é verdade que médiuns que foram iniciados e condicionados a incorporar, mediante o som dos atabaques e o canto, ficam "perdidos", quando necessitam incorporar em algum local, onde haja completo silêncio.
Outro ponto interessante a comentar, são os pontos, normalmente curtos, que quando entoados de uma forma harmônica e repetitiva, torna-se uma "oração mântrica". Tendo um efeito muito poderoso, quando vibrado do modo correto.
O elemento melódico das músicas africanas destaca-se, no decorrer das cerimônias privadas, no momento dos sacrifícios, oferecimentos e louvores dirigidos às divindades frente aos Pejís. São cantos sem acompanhamento de tambores, o ritmo ficando ligeiramente marcado pelo bater das palmas. A melodia é rigorosamente submetida às acentuações tonais da linguagem Yorubá.
Os dois elementos, ritmo e melodia, encontram-se associados no decorrer do Xirê público, quando os sons dos atabaques são acompanhados por cantos.

Os Pontos Cantados E seus Fundamentos

A Umbanda, nossa querida religião anunciada no plano físico em 15 de novembro de 1908, em Neves, Niterói – RJ, pelo espírito que se nominou Caboclo das Sete Encruzilhadas, também recepcionou este processo místico, mítico e religioso da expressão humana. Nos vários terreiros espalhados pelas Terras de Pindorama (nome indígena do Brasil), observamos com fé, respeito e alegria os vários pontos cantados ou curimbas, como queiram, sendo utilizados em labores de cunho religioso ou magístico.Em realidade os Pontos Cantados são verdadeiros mantras, preces, rogativas, que dinamizam forças da natureza e nos fazem entrar em contato íntimo com as PotênciasEspirituais que nos regem. Existe toda uma magia e ciência por trás das curimbas que, se entoadas com conhecimento, amor, fé e racionalidade, provoca, através das ondas sonoras, a atração, coesão, harmonização e dinamização de forças astrais sempre presentes em nossas vidas.
A Umbanda é capitaneada por sete Forças Cósmicas Inteligentes, que são as principais e que, por influência dos Pretos-Velhos, receberam os nomes de Orixás, sendo que a irradiação ou linha de Oxalá, precede todas as demais, razão pela qual as comanda. Todas estas irradiações têm seus pontos cantados próprios, com palavras-chave específicas e a justaposição de termos magísticos, de forma que o responsável pela curimba deve ter conhecimento do fundamento esotérico (oculto) da canção.
Em algumas ocasiões determinadas pessoas até com boas intenções, mas sem conhecimento, "puxam" pontos em horas não apropriadas e sem nenhuma afinidade com o trabalho ora realizado. Tal fato pode causar transtornos à eficácia do que está sendo feito, uma vez que podem atrair forças não afetas àquele labor, ou ainda despertar energias contrárias ao trabalho espiritual.
Quanto à origem, os pontos cantados dividem-se em Pontos de Raiz (enviados pela espiritualidade), e Pontos terrenos (elaborado por pessoas diretamente). Os Pontos de Raiz ou espirituais jamais podem ser modificados, pois se constituem em termos harmoniosa e metricamente organizados, ou seja, com palavras colocadas em correlação exata, que fazem abrir determinados canais de interação físico-astral, direcionando forças para os mais diversos fins (sempre positivos).
No que concerne aos Pontos cantados terrenos, a Espiritualidade os aceita, desde que pautados na razão, bom senso e fé de quem os compõe.

Exemplos de pontos e seus significados

Pombinha branca
Que Oxalá mandou
Foi no pé da laranjeira
Pombinha branca pousou
A mensagem (pombinha) que Oxalá nos manda. É que sejamos humildes. (pousando no pé da laranjeira, e não no alto da mesma).
Caiu uma folha na jurema
Veio o sereno e molhou
E depois veio o sol
Enxugou, enxugou
E a sua mata
Se abriu toda em flor
Algo triste ocorreu (a queda da folha) e os filhos choraram (o sereno molhou), mas tudo passa (vem o sol) e se renova (a mata se abre em flor).
Das matas vim por Oxossi
Pras terras vou caminhar
Matamba me deu poder
Pras almas arrebanhar
Eu sou brasileiro meu pai
Eu sou boiadeiro eu sou
Irmão dos pequenos
Desgarrados de Oxalá
Os Boiadeiros se apresentam como vindos na linha de Oxossi na irradiação de Iansã (Matamba). Que deu a eles o poder de encaminhar os espíritos, da mesma forma que faziam com os bois. Colocam-se como entidades fundamente ligadas ao povo brasileiro. E, no final passam uma lição de humildade, se colocando apenas como irmãos mais velhos destes mesmos espíritos que auxiliam.
Levanta cedo zifio
Se com velho cê quer caminhá
Olha que a terra é longe
Esse velho caminha devagar
É devagar, é devagarzinho
Quem caminha com preto velho
Nunca ficou no caminho
Acorde para as verdades espirituais, se você quer seguir o exemplo dos Pretos-Velhos.
A vida é longa e as coisas importantes são conquistadas com paciência e esforço.
Mas quem segue estes conselhos termina sua encarnação com seus objetivos completados.
Pombo gira você é uma rosa
Que floresceu
Num galho de espinhos
Pombogira, girá, girá
Pombogira vem abrir
Nossos caminhos
Pombogira é algo bom e belo que veio de um passado difícil. Por isso pedimos a Pombogira que com sua experiência nos ajude a encontrarmos também a solução para nossos problemas.
O garfo de exu é firme
A capa de exu me rodeia
Eu já vaguei pela madrugada
Passei na encruzilhada
Exu não bambeia
A força de exu me ampara e sua proteção me envolve. Eu já passei por situações sombrias e decisões difíceis e Exu nunca me faltou com seu auxílio.


Finalidade dos Pontos Cantados:

Quanto à finalidade, os Pontos Cantados podem ser:

Pontos de chegada e partida
São cantados para a incorporação e desincorporação das entidades nos médiuns.
Pontos de vibração
São cantados para atrair a vibração de um determinado Orixá ou Guia para os trabalhos do terreiro.
Pontos de defumação
Para serem usados apenas durante a defumação.
Pontos de descarrego
São cantados quando se fazem descarregos.
Pontos de fluidificação
São cantados durante os passes, ou em momentos em que algum elemento esteja sendo energizado no terreiro.
Pontos contra demandas
São cantados apenas quando solicitados pelo guia incorporado, quando o mesmo julgue necessário.
Ponto de abertura e fechamento de trabalhos
São cantados no início e no final das sessões.
Pontos de firmeza
São cantados com objetivo de fortalecer um trabalho que esteja sendo realizado no terreiro.
Pontos de doutrinação
São cantados quando um espírito sofredor está sendo encaminhado.
Pontos de segurança ou proteção
 (são cantados antes dos de firmeza)
São cantados com objetivo de fortalecer a corrente contra as más influências antes de algum trabalho a ser realizado.
Pontos de cruzamento de linhas e
Pontos de cruzamento de falanges
Servem para atrair mais de uma vibração ao mesmo tempo, com objetivo de que trabalhem em conjunto.
Pontos de cruzamento de terreiro
São cantados no momento em que o terreiro esta sendo cruzado, para início da sessão.
Pontos de consagração do Gongá
São cantados para homenagear os Orixás e Guias responsáveis pela Direção da casa espiritual.
Pontos de boas vindas
São cantados para saudar o dirigente de outra casa que esteja presente à sessão, e para convidá-lo a adentrar o terreiro, caso deseje.
Pontos de Homenagem
São cantados para homenagear os Orixás e Guias.
E outros mais, consoante a finalidade a que se destinam.


Importante:

O Ponto Cantado, nunca deve ser interrompido no meio, principalmente por terceiras pessoas. Os comentários sobre o Ponto Riscado ou sobre a inconveniência do Ponto Cantado, deverão ser postas ou comentadas por quem de direito, após o término dos mesmos.
Vimos pelo acima exposto que as curimbas, por serem de grande importância e fundamento, devem ser alvo de todo o cuidado, respeito e atenção por parte daqueles que as utilizam, sendo ferramenta poderosa de auxílio aos Pretos-Velhos, Caboclos, Exus, e demais espíritos que atuam dentro da Corrente Astral de Umbanda.




Laroiê Exú!!!