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sábado, 14 de fevereiro de 2015

Axé as Yabas


A palavra yabá quer dizer “Mãe Rainha” e que na África era um título apenas atribuído aos Orixás Yemanjá e Oxum e que no Brasil se estendeu a todos os outros orixás femininos.  Senhoras misteriosas em seus fundamentos, ligadas muitas vezes as águas e fecundidade, entedê-las profundamente é como se nós quiséssemos conhecer todos os mistérios da vida e do surgimento da vida.  Crer na força das Yabás ou nas nossas chamadas “Mães de Cabeça” é como querer estar sempre amparado pela própria mãe carnal em si.  Tal como na família material onde muitas vezes a figura da mãe tem o papel mediador entre a postura educativa e mais séria do pai para com o filho, assim são essas sagradas mãezinhas.  Energeticamente falando, as Yabas são a metade feminina da existência; ou seja, não há procriação sem a presença do homem, muito menos da mulher.  Trataremos abaixo das nossas Yabás cultuadas na Umbanda. 

Oxum é a senhora das águas doces, cascatas e rios, desde a sua nascente até o seu encontro com o mar.  Senhora do ouro, do mel, da beleza, da vaidade feminina,  encanto e também do jogo de Ifá (jogo de búzios).  Oxum rege também a fertilidade devido a sua ligação ao óvulo liberado em cada ciclo menstrual.  É a responsável pelas artes culinárias, a qual segundo as lendas, “dobravam” as opiniões contrárias dos seus inimigos através do estômago.  Possui o título de Yialodê (ou “Senhora da Tribo”), ou seja, é a grande mãe que de todos toma conta, zela e protege.  Suas cores na umbanda são o amarelo, dourado ou azul claro em algumas casas.  Seu campo de atuação é o amor, as relações humanas, a comunicação, a sensualidade pelo encanto e pela beleza.  Suas obrigações devem sempre serem feitas em ambiente limpo (Oxum detesta poeira e sujeira), gosta de doces finos e frutas das mais variadas,  principalmente as ricas em caldo e sua comida mais ofertada, sem dúvida é o omolocum.

Yemanjá é a senhora dos mares e oceanos.  Dona do Ori, rege o casamento a vida em família.  Senhora também da etiqueta social.  Yabá bastante adorada em nosso país devido a grande extensão de praias e também do mar ser para alguns a sua única fonte de sobrevivência e sustento.  Suas cores são o azul, o branco e também o prateado.  Também gosta de espelhos tão  quanto Oxum por também estar ligada a vaidade, sendo que esta vaidade não é tão coquete e dengosa quanto a de Oxum, a vaidade de Yemanjá está mais ligada a vaidade de uma rainha soberana e poderosa, visto que, ao lado de Oxalá, também está bastante ligada a criação e na mitologia yorubá ocupar a posição de mãe de todos os Orixás – a grande Matriarca.  É a senhora de todas as obrigações de cabeça e oboris.  Rege também a fase da gestação até o nascimento da criança.  A Yemanjá pode ser ofertado cocadas brancas, eboya, arroz branco com camarão seco, claras em neve, frutas claras, peixes (tais como sioba e corvina, p. ex.) e também o manjar e etc.

Yansã é a senhora dos bambuzais, das ventanias, dos redemoinhos das tempestades.  Yabá muito ligada ao elementos fogo e ar.  Yansã representa a sensualidade, a sexualidade, o prazer, a boa risada, a gargalhada sincera e a alegria vibrante.  A energia da sensualidade que emana desta yabá vem pelos caminhos do desejo ardente e incontrolável.  Tanto que nas lendas africanas, Yansã foi esposa de vários orixás (Obaluayê, Ossain, Ogun, Oxossi, Xangô) isso não só para representar a inquietude regida por ela mas também para mostrar que o elemento AR está presente em vários lugares da natureza e necessário a eles (o vento é necessário para a procriação das plantas, multiplicação das florestas, para alimentar o fogo, por exemplo etc.).  Yansã representa a mulher que antes de ir a luta beija os filhos com carinho e chegando nos campos de batalha não deixa a bravura sufocar a sua feminilidade e sensualidade.  Em suas comidas votivas não pode faltar dendê, sendo o acarajé seu prato mais ofertado.  Também aceita frutas diversas.  Também aceita o abará (papa de feijão fradinho em folha de bananeira cozida em banho maria).  Suas cores principais são o vermelho e o coral, também sendo em algumas casas o rosa e o amarelo.

Nanã Buruquê é a senhora dos pântanos, alagadiços e manguezais.  É a mais velha das Yabás muito ligada aos mistérios da criação.  Segundo lendas, Nanã participou da criação do mundo junto a Oxalá, emprestando-lhe o barro para a confecção do ser humano, fazendo –lhe jurar que ao final da vida de cada um deles que ele devolvesse o seu “barro sagrado” novamente, daí a sua saudação: Saluba Nanã Buruquê (Retornaremos ou nos refugiaremos em Nanã Buruquê).  Yabá muito ligada a vida e a morte, tão quanto Obaluayê, rege a ancestralidade, a tudo o que é antigo e arcaico.  Rege o que não precisa ser mudado por já funcionar (representa “o modernizar pra quê?”) - ex.: uma moringa de barro ao invéz de uma jarra metálica ou uma escama de pirarucu (usada no mundo indígena para o corte de animais e hortaliças ao invés da moderna faca de aço -.  Nanã é contrário a modernidades e barulheira.  Representa o silêncio, a meditação o aconselhamento e a sabedoria dos mais antigos.  Representa os idosos e sua sabedoria acumulada pela experiência.  Suas cores são o branco e o lilás, ou também o azul cobalto.  Gosta de efó, omolocum de feijão branco, água mineral, beterraba e berinjela preparadas devidamente.  Também aceita frutas.

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