A palavra yabá quer dizer “Mãe Rainha” e que na África era um título apenas atribuído aos Orixás Yemanjá e Oxum e que no Brasil se estendeu a todos os outros orixás femininos. Senhoras misteriosas em seus fundamentos, ligadas muitas vezes as águas e fecundidade, entedê-las profundamente é como se nós quiséssemos conhecer todos os mistérios da vida e do surgimento da vida. Crer na força das Yabás ou nas nossas chamadas “Mães de Cabeça” é como querer estar sempre amparado pela própria mãe carnal em si. Tal como na família material onde muitas vezes a figura da mãe tem o papel mediador entre a postura educativa e mais séria do pai para com o filho, assim são essas sagradas mãezinhas. Energeticamente falando, as Yabas são a metade feminina da existência; ou seja, não há procriação sem a presença do homem, muito menos da mulher. Trataremos abaixo das nossas Yabás cultuadas na Umbanda.
Oxum é a senhora das águas doces, cascatas e rios, desde a sua nascente até o seu encontro com o mar. Senhora do ouro, do mel, da beleza, da vaidade feminina, encanto e também do jogo de Ifá (jogo de búzios). Oxum rege também a fertilidade devido a sua ligação ao óvulo liberado em cada ciclo menstrual. É a responsável pelas artes culinárias, a qual segundo as lendas, “dobravam” as opiniões contrárias dos seus inimigos através do estômago. Possui o título de Yialodê (ou “Senhora da Tribo”), ou seja, é a grande mãe que de todos toma conta, zela e protege. Suas cores na umbanda são o amarelo, dourado ou azul claro em algumas casas. Seu campo de atuação é o amor, as relações humanas, a comunicação, a sensualidade pelo encanto e pela beleza. Suas obrigações devem sempre serem feitas em ambiente limpo (Oxum detesta poeira e sujeira), gosta de doces finos e frutas das mais variadas, principalmente as ricas em caldo e sua comida mais ofertada, sem dúvida é o omolocum.
Yemanjá é a senhora dos mares e oceanos. Dona do Ori, rege o casamento a vida em família. Senhora também da etiqueta social. Yabá bastante adorada em nosso país devido a grande extensão de praias e também do mar ser para alguns a sua única fonte de sobrevivência e sustento. Suas cores são o azul, o branco e também o prateado. Também gosta de espelhos tão quanto Oxum por também estar ligada a vaidade, sendo que esta vaidade não é tão coquete e dengosa quanto a de Oxum, a vaidade de Yemanjá está mais ligada a vaidade de uma rainha soberana e poderosa, visto que, ao lado de Oxalá, também está bastante ligada a criação e na mitologia yorubá ocupar a posição de mãe de todos os Orixás – a grande Matriarca. É a senhora de todas as obrigações de cabeça e oboris. Rege também a fase da gestação até o nascimento da criança. A Yemanjá pode ser ofertado cocadas brancas, eboya, arroz branco com camarão seco, claras em neve, frutas claras, peixes (tais como sioba e corvina, p. ex.) e também o manjar e etc.
Yansã é a senhora dos bambuzais, das ventanias, dos redemoinhos das tempestades. Yabá muito ligada ao elementos fogo e ar. Yansã representa a sensualidade, a sexualidade, o prazer, a boa risada, a gargalhada sincera e a alegria vibrante. A energia da sensualidade que emana desta yabá vem pelos caminhos do desejo ardente e incontrolável. Tanto que nas lendas africanas, Yansã foi esposa de vários orixás (Obaluayê, Ossain, Ogun, Oxossi, Xangô) isso não só para representar a inquietude regida por ela mas também para mostrar que o elemento AR está presente em vários lugares da natureza e necessário a eles (o vento é necessário para a procriação das plantas, multiplicação das florestas, para alimentar o fogo, por exemplo etc.). Yansã representa a mulher que antes de ir a luta beija os filhos com carinho e chegando nos campos de batalha não deixa a bravura sufocar a sua feminilidade e sensualidade. Em suas comidas votivas não pode faltar dendê, sendo o acarajé seu prato mais ofertado. Também aceita frutas diversas. Também aceita o abará (papa de feijão fradinho em folha de bananeira cozida em banho maria). Suas cores principais são o vermelho e o coral, também sendo em algumas casas o rosa e o amarelo.
Nanã Buruquê é a senhora dos pântanos, alagadiços e manguezais. É a mais velha das Yabás muito ligada aos mistérios da criação. Segundo lendas, Nanã participou da criação do mundo junto a Oxalá, emprestando-lhe o barro para a confecção do ser humano, fazendo –lhe jurar que ao final da vida de cada um deles que ele devolvesse o seu “barro sagrado” novamente, daí a sua saudação: Saluba Nanã Buruquê (Retornaremos ou nos refugiaremos em Nanã Buruquê). Yabá muito ligada a vida e a morte, tão quanto Obaluayê, rege a ancestralidade, a tudo o que é antigo e arcaico. Rege o que não precisa ser mudado por já funcionar (representa “o modernizar pra quê?”) - ex.: uma moringa de barro ao invéz de uma jarra metálica ou uma escama de pirarucu (usada no mundo indígena para o corte de animais e hortaliças ao invés da moderna faca de aço -. Nanã é contrário a modernidades e barulheira. Representa o silêncio, a meditação o aconselhamento e a sabedoria dos mais antigos. Representa os idosos e sua sabedoria acumulada pela experiência. Suas cores são o branco e o lilás, ou também o azul cobalto. Gosta de efó, omolocum de feijão branco, água mineral, beterraba e berinjela preparadas devidamente. Também aceita frutas.
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