O PODER DAS VELAS
A vela é, com certeza, um dos símbolos mais representativos da Umbanda. Ela está presente no Gongá, nos Pontos Riscados, nas oferendas e em quase todos os trabalhos de magia.
Quando
um umbandista acende uma vela, mal sabe que está abrindo, para sua mente, uma
porta interdimensional, onde sua mente consciente nem sonha com a força de seus
poderes mentais.
A
vela funciona na mente das pessoas como um código mental. Os estímulos visuais
captados pela luz da chama da vela acendem, na verdade, a fogueira interior de
cada um, despertando a lembrança de um passado muito distante, onde seus
ancestrais, sentados ao redor do fogo, tomavam decisões que mudariam o curso de
suas vidas.
A
vela desperta nas pessoas que acreditam em sua força mágica, uma forte sensação
de poder. Ela funciona como uma alavanca psíquica, despertando os poderes
extra-sensoriais em estado latente.
Uma
das várias razões da influência mística da vela na psique das pessoas, é a
sensação de que ela, através de sua chama, parece ter vida própria. Embora, na
verdade, saibamos através do ocultismo, que o fogo possui uma energia conhecida
como espíritos do fogo ou salamandras.
Muitos
umbandistas acendem velas para seus Guias de forma automática, num ritual
mecânico, sem nenhuma concentração. É preciso muita concentração e respeito ao
acender uma vela, pois a energia emitida pela mente do médium irá englobar a
energia do fogo e, juntas, irão vibrar no espaço cósmico, para atender a razão
da queima dessa vela.
Sabemos
que a vida gera calor e que a morte traz o frio. Sendo a chama da vela cheia de
calor, ela tem um amplo sentido de vida, despertando nas pessoas a esperança, a
fé e o amor.
No
ritual da magia o mago entra em contato com seu mundo inconsciente, depositário
de suas forças mentais, onde irão ser utilizadas para que alcancem seus
propósitos iniciais. Qualquer pessoa que acender uma vela, com fé, está nesse
momento realizando um ritual mágico e, conseqüentemente, está sendo um mago.
Se
uma pessoa evoca suas forças mentais, com a ajuda da magia das velas, no
sentido de ajudar alguém, irá receber em troca uma energia positiva; mas, se
inverter o fluxo das energias psíquicas, utilizando-as para prejudicar qualquer
pessoa, o retorno será infalível e as energias de retorno serão sempre mais
fortes, pois voltam acrescidas da energia de quem as recebeu.
As
pessoas que utilizam a força da magia das velas – que, na realidade, despertam
as forças interiores de cada um – com propósitos maléficos, não são
consideradas magos, mas feiticeiros ou bruxos. Infeliz daquele que, na ânsia de
destruir seus inimigos, acendem velas com formatos de sapo, de diabo, de
caveira, de caixão, etc., assumindo um terrível compromisso cármico com os
senhores do destino. Todos os nossos pensamentos, palavras e atos estão sendo
gravados na memória do infinito, ninguém fica impune junto à justiça divina.
Voltaremos ao planeta Terra, quantas encarnações forem necessárias para expiar nossas dívidas com o passado. Por outro lado, feliz daquele que lembra de acender uma vela com o coração cheio de amor para o anjo-da-guarda de seu inimigo, perdoando-o por sua insensatez, pois irá criar, ao seu redor, um campo vibratório de harmonia cósmica, elevando suas vibrações superiores.
Voltaremos ao planeta Terra, quantas encarnações forem necessárias para expiar nossas dívidas com o passado. Por outro lado, feliz daquele que lembra de acender uma vela com o coração cheio de amor para o anjo-da-guarda de seu inimigo, perdoando-o por sua insensatez, pois irá criar, ao seu redor, um campo vibratório de harmonia cósmica, elevando suas vibrações superiores.
Ao
acender velas para as almas, para o anjo-da-guarda, para os pretos-velhos,
caboclos, para a firmeza de pontos, Gongá, para um santo de sua preferência ou
como oferenda aos Orixás, é importante que o umbandista saiba que a vela é
muito mais para quem acende do que para quem está sendo acesa, tendo a mesma
conotação do provérbio popular que diz: "A mão de quem dá uma flor, fica
mais perfumada do que a de quem a recebe."
A
intenção de acender uma vela gera uma energia mental no cérebro da pessoa.
Essa
energia é que a entidade espiritual irá captar em seu campo vibratório.
Assim
a quantidade de velas não influirá no valor do trabalho; a influência se fará
diretamente na mente da pessoa que está acendendo as velas, no sentido de
aumentar ou não o grau da intenção. Desta forma, é inútil acreditar que podemos
comprar favores de uma entidade negociando com uma maior ou menor de velas
acesas. Os espíritos captam em primeiro lugar as vibrações de nossos
sentimentos, quer acendamos velas ou não. Daí ser melhor ouvir uma das máximas
de Jesus que diz: “Antes de fazer sua oferenda, procure conciliar-se com seu
irmão.”
Não
é conveniente, ao encontrar uma vela acesa no portão do cemitério, nas
encruzilhadas, embaixo de uma árvore, ao lado de uma oferenda, apagá-la por
brincadeira ou por outra razão. Devemos respeitar a fé das pessoas. Quem assim
o cometer, deve ter em mente que poderá acarretar sérios problemas, de ordem
espiritual, com sua atitude.
Precisamos
respeitar o sentimento de religiosidade das pessoas, principalmente quando
acender uma vela faz parte desse sentimento. Se ao acender uma vela, a pessoa
tiver um forte poder de magnetização, torna-se mais perigoso apagá-la. Mas, se
ela não estiver magnetizada, fica a critério de cada um.
VELAS QUEBRADAS OU USADAS
Nos
trabalhos de Umbanda existe uma grande preocupação com o uso de velas virgens
ou que não estejam quebradas. A princípio pensei tratar-se de mera superstição,
mas depois compreendi que a vela virgem estava isenta da magnetização de uma
vela usada anteriormente, evitando assim um choque de energias, que geralmente
anula o efeito do trabalho de magia. Somente no caso da vela quebrada encontrei
um componente supersticioso: psicologicamente a pessoa acredita que um trabalho
perfeito precisa de instrumentos perfeitos.
Se
o trabalho obtiver sucesso, o detalhe da vela quebrada não será notado: mas, se
falhar, será tido como principal factor de seu fracasso.
FÓSFORO OU ISQUEIRO
Normalmente
os Terreiros fazem uso de pólvora, chamada de fundanga, nos trabalhos de
descarrego. O enxofre que a pólvora contém também está presente nos palitos de
fósforo. Ao entrar em combustão, a chama repentina, dentro de um ambiente
místico, provoca uma reação psicológica muito eficiente, além de alterar
momentaneamente a atmosfera ao seu redor, devido à sua composição química em
contato com o ar. A mente do médium capta essas vibrações que funcionam como um
comando mental, autorizando-a a aumentar seu próprio campo vibratório,
promovendo, desta forma, uma limpeza psíquica no ambiente. Não é a pólvora que
faz a limpeza, mas a mente do médium, se ele conseguir ativá-la para este fim.
VELA DE SETE DIAS
Na
Umbanda alguns médiuns ficam em dúvida sobre se a vela de sete dias tem a mesma
eficiência de sete velas normais. Sabemos, de acordo com a Psicologia, que um
comportamento pode ser modificado através do reforço. No fato de se acender uma
vela, isoladamente, não há nenhum tipo de reforço que se baseie na repetição.
Assim, ao acender uma vela durante sete dias, as pessoas são reforçadas
diariamente em sua fé, e, repetindo os pedidos, dentro desse ritual de magia,
ficam realmente com maiores probabilidades de despertar a própria mente e
alcançar os seus propósitos. Na prática, constatamos que dificilmente uma vela
de sete dias queima durante todo esse tempo.
LEMBRETES:
Não
recomendamos, aos Umbandistas, fazerem velas com restos de outras velas, seja
qual for o motivo, pois as conseqüências são imprevisíveis. Com a magia não
devemos nos arriscar; ou temos certeza, ou não a realizamos. Os restos de velas
estão impregnados das energias mentais de quem as acendeu. Aproveitar esses
restos é o mesmo que querer aproveitar os restos dessas energias; como não
sabemos com qual intenção as velas foram acesas, haverá fatalmente um choque
entre diversas energias.
A
vela acesa para o anjo-da-guarda, que seu campo vibratório representa, deverá
ser acesa sempre com um copo d’água ao lado, para captar as cargas negativas
que poderão prejudicá-lo nas tarefas que irá realizar. A vela acesa para seu
anjo-da-guarda deverá obedecer ao seguinte ritual: um copo com água limpa, um
pedaço de papel quadrado, de cor branca, sem pautas, para vibrar na mesma
freqüência da vela, com seu nome, ou o nome de quem você deseja ajudar, escrito
em forma de cruz, ou seja, o nome na posição horizontal e vertical. A vela
deverá ser colocada à direita do copo d’água. Os resultados são excelentes e
deverá ter cuidado com o seguinte: deverá acender a vela num local seguro, para
evitar incêndio, acima de sua cabeça, onde não tenha trânsito de pessoas.
CONSAGRAÇÃO DAS VELAS
Esta
parte é fundamental, pois é a consagração que torna a vela um objeto mágico.
Sem ser consagrada uma vela é apenas um cilindro de parafina com um pavio que
serve para iluminar ambientes escuros, mas com a consagração ela se torna um
instrumento de magia capaz de estabelecer contato direto com planos sutis e
entidades. Poderia-se dizer até que a consagração é o ato de batismo da vela.
Esse
ato de consagração, esse batismo, deve ser feito com óleo, mais
preferencialmente aquelas essências aromáticas à base de óleo. Essa prática é
milenar e até no Êxodo, Bíblia, se encontram referências sobre óleos de
consagração.
No
comércio especializado você adquire (ou fabrica você mesmo) um vidro de
essência à base de óleo. Particularmente eu prefiro a de rosas, por ser mais
forte, mas você escolhe a que mais lhe agradar, desde que seja à base de óleo,
porque há muitos tipos de essência e nem todas tem óleo, que nesse caso é
essencial.
Pegue
esse vidro e vá para um lugar sossegado onde não vá ser interrompido.
Sente-se.
Respire fundo algumas vezes, visualizando uma luz dourada cintilante envolvendo
o ambiente. Após alguns minutos abra o vidro, ponha um pouco de óleo nas mãos,
esfregue-as até aquecer, então pegue o vidro e vá passando as mãos nele e diz
em voz baixa : "Em nome do Poder Maior eu te consagrado e te santifico,
para que a partir dessa hora sagrada sejas elo entre as coisas da Terra e a
Divindade, que possas me ajudar em toda obra do Bem e que exerças a força que
te concedo. E que tudo seja sempre feito de acordo com a vontade do Poder
Maior. "Isso deve ser repetido três vezes, com muita convicção, a fim de
que o óleo seja impregnado. A consagração do óleo é feita de uma vez só, pois o
vidro ficará impregnado com suas vibrações por um bom tempo. Se achar
necessário, pode repetir a consagração sempre que achar mais adequado.
Agora
vem a consagração da vela. Alguns místicos preferem chamar de unção, mas
pessoalmente acho que consagração seja mais adequado.
Pegue
a vela (sendo mais de uma, deve ser feito com uma de cada vez, para que a
impregnação não seja diluída); pegue o óleo e molhe os dedos; agora pense,
visualize seu desejo com tanta convicção como se ele já estivesse realizado,
visualize que o ritual que irá executar atingiu o objetivo. Se você deseja
ATRAIR alguma coisa, esfregue os dedos com óleo na vela DE CIMA PARA BAIXO; se
deseja AFASTAR alguma coisa, faça-o DE BAIXO PARA CIMA. Se desejar, você também
pode escrever na vela o que deseja ou o nome da pessoa a quem o ritual será dedicado:
para escrever na vela use sempre uma ponta de aço. Depois de escrever, passe os
dedos com óleo (escrever na vela é opcional). Enquanto visualiza e passa o
óleo, vá repetindo a mesma consagração do óleo.
Tenha
em mente que a força do seu pensamento é que tornará a vela um objeto mágico,
por isso a chave é a visualização. Agora faça uma oração de acordo com a sua
crença pessoal.
Um
detalhe importante: se após iniciado o ritual a vela se apagar (desde que não
haja motivo, tais como correntes de ar), significa que ou a consagração não foi
feita com êxito e por isso o ritual foi considerado ilegítimo, ou a intenção
não é boa, ou ainda, as forças necessárias à execução do ritual não estão
presentes. De qualquer forma, é um aviso que deve ser respeitado. Tendo
verificado que a vela se apagou sem nenhuma razão aparente, suspenda o ritual
naquele dia. Quando reiniciar, faça tudo de novo, inclusive a consagração do
óleo.
Jamais
reaproveite a vela usada em um ritual. Terminado o seu ritual as velas são
apagadas e você pode guardá-las ou mesmo jogá-las fora, mas nunca reutilize
velas ritualísticas, mesmo que tenham ficado "com pouco uso". Se
fizer esse reaproveitamento seu ritual será anulado, podendo até gerar efeito
contrário ao que era esperado. Uma vela consagrada deve ser usada uma única
vez.
E
tenha em mente que a eficácia de um ritual depende muito do empenho,
concentração, força de vontade e capacidade de visualização do operador. Você
deve VER o resultado do seu ritual, deve ter convicção de que obterá seu objetivo.
Realizar um ritual apenas por fazer, sem nenhuma convicção, é o que pode ser
definido como desperdício de tempo. Chame para si a autoridade concedida pelo
Poder Maior e execute seu ritual sem pressa e sem estar sob pressão. Nenhum
ritual deve ter menos de uns 45 minutos, porque se tiver menos que isso pode
significar que o operador nem teve tempo de se envolver com ele, ou seja, a
atitude física não teve tempo de estar sintonizada com a atitude mental. Todo e
qualquer ritual, sendo executado corretamente, usará forças sutis que se não
forem manipuladas de forma adequada poderão até se voltar contra o operador.
CONSELHOS ÚTEIS A RESPEITO DAS VELAS
Se
precisar apagar a vela que esteja sendo usada ritualisticamente, JAMAIS o faça
soprando a vela velas de ritual só podem ser apagadas com abafador ou com
os dedos, jamais sopre essas velas.
A
vela deve ser muito bem fixada, se não tiver uma base grande. Especialmente no
caso das cilíndricas, é importante fixá-las para que não caiam; assim, use a
cera dela mesma para fixar, mesmo que esteja em candelabro. Dependendo
do tamanho é interessante colocá-la dentro de um copo ou de um vidro
refratário, COM UM POUQUINHO D'ÁGUA NO FUNDO, para que a parafina não grude:
havendo água no fundo, só um pouco, o que sobrar da parafina sai inteiro, sem
grudar, mas sem água você só vai conseguir limpar o copo com água fervendo,
porque gruda mesmo. No comércio há vidros especiais para velas de sete dias e
outros tipos.
Às
vezes acontece, com qualquer tipo de vela, que à medida em que ela vai se
consumindo, a parte já queimada do pavio vai se acumulando junto à chama,
fazendo com que esta vá ficando muito forte e intensa, o que faz a vela queimar
depressa demais e se esparramar, por isso é aconselhável, quando isso
acontecer, cortar com uma tesoura essa parte preta do pavio já queimado.
Por
precaução, especialmente nas atividades que vão requerer várias velas,
simultaneamente, é recomendável que se disponha de meios para enfrentar alguma
provável emergência. Assim, aconselha-se que sempre se possa dispor de água
suficiente para alguma eventualidade, ou então uma maneira rápida de abafar.
Amados
Irmãos de Umbanda, chegaremos em um momento na Umbanda, em que o Homem deverá
estar plenamente consciente de que sua força mental é a sua grande aliada e
nunca a sua inimiga. Deverá libertar-se gradativamente dos valores exteriores
criados por sua mente e valorizar-se mais. Seu grande desafio é superar a si
mesmo. Em vez de acender uma vela, deverá acender sua chama interior e
tornar-se um iluminado, e, com o brilho dessa chama sagrada, mostrar o caminho
aos seus irmãos.
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