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quarta-feira, 1 de novembro de 2017

Finados

No dia de finados, nós umbandistas, louvamos a força e o poder do Orixá Omulu/Obaluaê – senhor da doença, da morte e das transições do universo.

A morte do corpo físico não é o fim da vida, entenda apenas como o fim de um ciclo. 

Após o ato da morte física do ser encarnado, este será encaminhado para uma esfera espiritual condizente com seus atos e vibração emocional acumuladas durante a passagem no corpo físico.

No plano físico, estamos numa esfera neutra ou mista, onde tudo se encontra e misturam-se, sem distinção. Já no plano astral, os seres vivem em realidades dimensionais pertinentes às suas condições emocionais e vibracionais, logo, se o ser vibrar ódio, um lugar com seres odiosos será sua morada. Se vibrar o amor, sua morada será um lugar agradável. Nós somos aquilo que criamos ao nosso redor e a realidade que desenvolvemos é a que levamos além do pós morte.

Então, nada se acabará com o fim da vida física, quando o corpo perece este é o fim de uma etapa e o início de outra. Morremos para o mundo físico e renascemos para o mundo espiritual. Assim, o contrário acontece quando reencarnamos: ”morremos” para a vida no Plano Etérico (é o mundo onde se acham os espíritos desencarnados) e nascemos para o plano físico.

Ninguém fará nada por ninguém, cada qual com seu quinhão. No entanto, o beneficio da reencarnação é a explicação do resgate dos débitos e aprendizado constante do ser.

No dia de finados, é fundamental que o umbandista, ao realizar o culto do dia, vibre seus pensamentos nos seus antepassados: 

1- Antepassados consangüíneos, pedindo iluminação a todos, pois se algum tiver precisando de ajuda e ainda não ter alcançado a luz, pode ser oportuno de acontecer neste momento o seu resgate, e, aquele que já esteja esclarecido, então se sentirá gratificado pelas vibrações de amor;

2- Antepassados do nosso ritual - Nossos Guias e Protetores que também já tiveram vida em nosso plano terrestre.

O Orixá Omulu/Obaluaê é a Divindade do “Fim”, logo ele não está presente apenas na tão temida morte física, gerando uma imagem temerosa em relação a esse Orixá. Sua vibração se faz presente centenas de vezes durante nossa Vida, por exemplo, o fim um relacionamento amoroso é o rompimento de cordões emocionais e o fim de um ciclo de convivência entre duas pessoas. Neste momento de finalização lá está presente a vibração desse Orixá para encaminhar os envolvidos em seus caminhos individuais.

Sempre em situações de rompimentos ou encerramentos de ciclos, é a vibração do Orixá Omulu/Obaluaê que se faz presente na vida dos envolvidos. 

A Umbanda dirige-se a Deus através dos Orixás, Guias e Protetores que são espíritos purificados: ALMAS esclarecidas e iluminadas.

Dia de Finados: Origem Provável no Povo Celta

Para os Celtas, dia 31 de outubro era o fim de um ciclo, de um ano produtivo, tempo este que nesta região a colheita tinha acabo de se encerrar e de ser estocada, especialmente para os meses frios e escuros do inverno neste período nesta região.
Na celebração do fim de um ciclo (31 de outubro) e início do outro ciclo (1 de novembro), acreditava-se que este seria o dia de maior proximidade entre os que estavam encarnados e os desencarnados e nas festas, de muita alegria e comemoração por este fato também, cada um levava algo como uma vela ou uma luminária que era feita em gomos de bambu, a fim de se iluminar os dias de inverno que estariam por vir. 
Alguns textos falam que nesses dias de festas, as luminárias eram feitas com abóboras esvaziadas e esculpidas com o formato de cabeças, isto para indicar o caminho àqueles que eles acreditavam serem visitados por seus parentes e receber o perdão daqueles a quem eles haviam feito sofrer, além de ter o significado de sabedoria pela humildade para saber pedir perdão e como prova de vida além da vida. 

Com o domínio desses povos pelo Império Romano, rico em armas e estratégias de guerras e conquistas e pobre em intelectualidade, as culturas foram se misturando e expandindo com todo o Império, que mais tarde viria a ser - e o é até hoje - a sede do Império Católico ou da Religião Católica, hoje fixada no Estado do Vaticano, na área urbana de Roma, Itália.

Segundo prega a tradição da Igreja Católica, o Dia dos fiéis defuntos, Dia dos mortos ou Dia de finados é celebrado no dia 2 de Novembro, logo a seguir ao dia de Todos-os-Santos. Desde o século II, os cristãos rezavam pelos falecidos, visitando os túmulos dos mártires para rezar pelos que morreram. 

A história real nos mostra que o Dia de Finados só passou a ser um dia de dor e lamúria após o advento dos culposos dogmas católicos, ao contrário das filosofias reencarnacionistas que, não temendo a morte e entendendo esta como o fim de um período transitório em retorno a vida verdadeira (espiritual), só tem a celebrar e enviar boas emanações aos entes queridos que deixaram o corpo carnal e continuam suas vidas verdadeiras, cada um na sua condição de elevação espiritual.

quarta-feira, 7 de junho de 2017

O Santo Come???




Muitas pessoas me perguntam por que arriar comidas se “santo não come”?

Esta pergunta já de cara identifica que a pessoa desconhece ou ainda não se conectou com o mais importante e fundamental da nossa Religião: as energias.
Tudo se move dentro das Energias Sagradas e os Orixás não são diferentes daquilo que conhecemos como Energias de Deus, Olorum, Zambi Oiapongue… enfim, seja qual for a nação ou fundamento.
Estamos a todo momento utilizando Energia Cósmica e em muitas das vezes, desequilibramos as nossas forças por vários motivos e podemos acioná-la através da comida de santo, manifestação da natureza (Orixás) que necessitamos para nos fortalecer novamente.
Imaginemos que somos um emaranhado de fios de energias com várias tomadas. Em alguns momentos da vida estamos ligados na tomada da emoção e desconectados das outras. Esta energia nos invade e como onda vai e vem e não conseguimos encontrar saída. Porém, temos outros fios que podem ser “ligados” e até diminuir a carga de energia emocional que causou desequilíbrio.
Como fazer isso? Neste contexto entram as oferendas de Comidas de Santo. Elas servem para nos “ligar” a fios que não conseguimos absorver a energia e também para equilibrar a energia em excesso que nos invade naquele momento.
Toda oferenda é uma reposição de Forças do Universo que utilizamos ou desgastamos em nós mesmos em razão dos nossos desajustes, desacertos e dificuldades na vida.
Um bom médium precisa conhecer bem as Forças da Natureza que são os Orixás e em que áreas eles atuam para ter a percepção correta de qual “tomada” precisa ser mexida neste emaranhado de fios.
Além disso, precisa conhecer e saber que todo o Universo foi criado e é equilibrado em cima dos 4 elementos: Terra, Fogo, Ar e Água.
Quais elementos de Axé representam estes compartimentos?

TERRA – consumimos este elemento quando estamos cuidando de problemas de sobrevivência no mundo: se temos o pão na mesa, o dinheiro para pagar as contas, como está o corpo físico. O elemento que trabalha Terra é o MEL. Ele traz poder de concretização. Muito mel pode paralisar. As comidas regadas com mel possuem um objetivo concreto e físico.

FOGO – estamos consumindo quando estamos sendo chamados a ter muita iniciativa, tomar decisões, ter enfrentamentos, coragem. O elemento que trabalha Fogo são os azeites. Eles trazem os “rebuliços” necessários para o avanço. Muitas vezes precisamos transgredir, quebrar regras para abrir espaço para o novo e estamos apegados e paralisados. As comidas com os azeites trazem movimento.

AR – consumimos Ar quando estamos planejando, pensando muito, sonhando acordados, nos relacionando com os outros, interagindo e comunicando. O elemento que trabalha Ar é o Oti (bebidas: cachaça, vinho branco…). Muito ar tira os pés do chão e a pessoa sabe todas as coisas mas não consegue concretizar nada. Vive no mundo da imaginação mas se analisamos a vida dela, é só teoria. Nada de concreto. As oferendas com Oti impulsionam os sonhos, as ideias, o planejamento, e pessoas com dificuldade de relacionamento precisam deste elemento para interagir.

ÁGUA – consumimos Água quando estamos lidando com as nossas emoções de amor ou ódio. Com todo tipo de emoção positiva ou negativa. Questões familiares, conjugais, afetivas, sofrimentos, quando estamos nos sacrificando por alguém, enfim, vamos nos inundando ou ficando escassos deste compartimento. É a própria Água que se representa nos 4 elementos. A LUZ gera Água e a Água gera Vida. Não podemos viver sem amor, sem nos envolver com o outro, sem compartilhar o que temos, sem compaixão. As oferendas com Água trabalham emoções.

Precisamos repor para a Natureza a parte de Deus que utilizamos mal, que desequilibramos.
A energia existe em abundância no Universo e como fonte inesgotável TUDO vem da combinação destes 4 compartimentos ou elementos, inclusive nós.
Por isso precisamos conhecer bem o que receitar para as pessoas que buscam a sua cura e até para nós mesmos, que o tempo todo temos nossos altos e baixos na vida.
Para isso entram as Comidas de Santo.
Não estamos falando de “comida para comer” mas de reposição de Energia Cósmica.
Somente o homem é capaz de danificar, esgotar e desequilibrar a Natureza, de consumir de forma irresponsável e ignorante.
Realmente “Santo não come” na concepção física da expressão. Mas estamos numa religião ritualística e o ato de preparar uma Comida, conhecendo os elementos utilizados, é um ato de magia, de amor para o desprendimento de uma energia necessária e sua volta à natureza ou para a conexão de uma energia que irá curar o indivíduo.
E quando não despachamos estas comidas? Você “apodrece” o seu pedido inicial. Tudo tem seus ciclos. A Natureza é assim: início, meio e fim. Uma comida de Santo só pode ser considerada que foi ritualisticamente bem feita quando preparamos, arriamos e despachamos. Isso é ser responsável pela energia que manipulou.
Sejamos médiuns conscientes, estudiosos e responsáveis por nossa jornada espiritual e principalmente precisamos compreender que a boa fé de quem busca o nosso Axé precisa ser respeitada e cuidada.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

Salve Yemanjá!!!!

 



Deusa da nação de Egbé, nação esta Iorubá onde existe o rio Yemojá (Yemanjá). No Brasil, rainha das águas e mares. Orixá muito respeitada e cultuada é tida como mãe de quase todos os Orixás Iorubanos, enquanto a maternidade dos Orixás Daomeanos é atribuída a Nanã. Por isso à ela também pertence a fecundidade. É protetora dos pescadores e jangadeiros. 
Comparada com as outras divindades do panteão africano, Yemanjá é uma figura extremamente simples. Ela é uma das figuras mais conhecidas nos cultos brasileiros, com o nome sempre bem divulgado pela imprensa, pois suas festas anuais sempre movimentam um grande número de iniciados e simpatizantes, tanto da Umbanda como do Candomblé. 
Pelo sincretismo, porém, muita água rolou. Os jesuítas portugueses, tentando forçar a aculturação dos africanos e a aceitação, por parte deles, dos rituais e mitos católicos, procuraram fazercasamentos entre santos cristãos e Orixás africanos, buscando pontos em comum nos mitos. 
Para Yemanjá foi reservado o lugar de Nossa Senhora, sendo, então, artificialmente mais importante que as outras divindades femininas, o que foi assimilado em parte por muitos ramos da Umbanda. 
Mesmo assim, não se nega o fato de sua popularidade ser imensa, não só por tudo isso, mas pelo caráter, de tolerância, aceitação e carinho. É uma das rainhas das águas, sendo as duas salgadas: as águas provocadas pelo choro da mãe que sofre pela vida de seus filhos, que os vê se afastarem de seu abrigo, tomando rumos independentes; e o mar, sua morada, local onde costuma receber os presentes e oferendas dos devotos. 
São extremamente concorridas suas festas. É tradicional no Rio de Janeiro, em Santos (litoral de São Paulo) e nas praias de Porto Alegre a oferta ao mar de presentes a este Orixá, atirados à morada da deusa, tanto na data específica de suas festas, como na passagem do ano. São comuns no reveillon as tendas de Umbanda na praia, onde acontecem rituais e iniciados incorporam caboclos e pretos-velhos, atendendo a qualquer pessoa que se interesse. 
Apesar dos preceitos tradicionais relacionarem tanto Oxum como Yemanjá à função da maternidade, pode estabelecer-se uma boa distinção entre esse conceitos. As duas Orixás não rivalizam (Yemanjá praticamente não rivaliza com ninguém, enquanto Oxum é famosa por suas pendências amorosas que a colocaram contra Iansã e Obá). Cada uma domina a maternidade num momento diferente.
 A majestade dos mares, senhora dos oceanos, sereia sagrada, Yemanjá é a rainha das águas salgadas, regente absoluta dos lares, protetora da família. Chamada também de Deusa das Pérolas, é aquela que apara a cabeça dos bebês no momento de nascimento. 
Numa Casa de Santo, Yemanjá atua dando sentido ao grupo, à comunidade ali reunida e transformando essa convivência num ato familiar; criando raízes e dependência; proporcionando sentimento de irmão para irmão em pessoas que há bem pouco tempo não se conheciam; proporcionando também o sentimento de pai para filho ou de mãe para filho e vice-versa, nos casos de relacionamento dos Babalorixás (Pais no Santo) ou Ialorixás (Mães no Santo) com os Filhos no Santo. A necessidade de saber se aquele que amamos estão bem, a dor pela preocupação, é uma regência de Yemanjá, que não vai deixar morrer dentro de nós o sentido de amor ao próximo, principalmente em se tratando de um filho, filha, pai, mãe, outro parente ou amigo muito querido. É a preocupação e o desejo de ver aquele que amamos a salvo, sem problemas, é a manutenção da harmonia do lar.